terça-feira, 27 de maio de 2008

3º EM Farias, 26/05/2008

(Ufpe) TEXTO 1

A língua do Brasil amanhã

Ouvimos com freqüência opiniões alarmantes a respeito do futuro da nossa língua. Às vezes se diz que ela vai simplesmente desaparecer, em benefício de outras línguas supostamente expansionistas (em especial o inglês, atual candidato número um a língua universal); ou que vai se misturar com o espanhol, formando o "portunhol"; ou, simplesmente, que vai se corromper pelo uso da gíria e das formas populares de expressão (do tipo: o casaco que cê ia sair com ele tá rasgado). Aqui pretendo trazer uma opinião mais otimista: a nossa língua, estou convencido, não está em perigo de desaparecimento, muito menos de mistura. Por outro lado (e não é possível agradar a todos), acredito que nossa língua está mudando, e certamente não será a mesma.
O que é que poderia ameaçar a integridade ou a existência da nossa língua? Um dos fatores, freqüentemente citado, é a influência do inglês - o mundo de empréstimos que andamos fazendo para nos expressarmos sobre certos assuntos.
Não se pode negar que o fenômeno existe; o que mais se faz hoje em dia é surfar, deletar ou tratar do marketing. Mas isso não significa o desaparecimento da língua portuguesa. Empréstimos são um fato da vida, e sempre existiram. Hoje pouca gente sabe disso, mas avalanche, alfaiate, tenor e pingue-pongue são palavras de origem estrangeira; hoje já se naturalizaram, e certamente ninguém vê ameaça nelas.
Quero dizer que não há o menor sintoma de que os empréstimos estrangeiros estejam causando lesões na língua portuguesa; a maioria, aliás, desaparece em pouco tempo, e os que ficam se assimilam. O português, como toda língua, precisa crescer para dar conta das novidades sociais, tecnológicas e culturais; para isso, pode aceitar empréstimos - ravióli, ioga, chucrute, balé - e também pode (e com maior freqüência) criar palavras a partir de seus próprios recursos - como computador, ecologia, poluição - ou estender o uso de palavras antigas a novos significados - executivo ou celular, que significam hoje coisas que não significavam há vinte anos.
Mas isso não quer dizer que a língua esteja em perigo. Está só mudando, como sempre mudou, se não ainda estaríamos falando latim. Achar que a mudança da língua é um perigo é como achar que o bebê está "em perigo" de crescer.
Não estamos em perigo de ver nossa língua submergida pela maré de empréstimos ingleses. A língua está aí, inteira: a estrutura gramatical não mudou, a pronúncia é ainda inteiramente nossa, e o vocabulário é mais de 99% de fabricação nacional.
Uma atitude mais construtiva é, pois, reconhecer os fatos, aceitar nossa língua como ela é, e desfrutar dela em toda a sua riqueza, flexibilidade, expressividade e malícia.
(Mário A. Perini. "A língua do Brasil amanhã e outros mistérios". São Paulo: Parábola Editorial, 2004, pp. 11-24. Adaptado).

TEXTO 2

Não há dúvida que as línguas se aumentam e alteram com o tempo e as necessidades dos usos e costumes. Querer que a nossa pare no século de quinhentos é um erro igual ao de afirmar que a sua transplantação para a América não lhe inseriu riquezas novas. A esse respeito, a influência do povo é decisiva. Há, portanto, certos modos de dizer, locuções novas, que de força entram no domínio do estilo e ganham direito de cidade.
Mas isto é um fato incontestável, e se é verdadeiro o princípio que dele se deduz, não me parece aceitável a opinião que admite todas as alterações da linguagem, ainda aquelas que destroem as leis da sintaxe e a essencial pureza do idioma. A influência popular tem um limite; e o escritor não está obrigado a receber e a dar curso a tudo o que o abuso, o capricho e a moda inventam e fazem correr. Pelo contrário, ele exerce também uma grande parte de influência a este respeito, depurando a linguagem do povo e aperfeiçoando-lhe a razão.
Feitas as exceções devidas, não se lêem muito os clássicos no Brasil. Entre as exceções, poderia eu citar até alguns escritores cuja opinião é diversa da minha neste ponto, mas que sabem perfeitamente os clássicos. Em geral, porém, não se lêem, o que é um mal. Escrever como Azurara ou Fernão Mendes seria hoje um anacronismo insuportável. Cada tempo tem seu estilo.
(Machado de Assis)

57515. No trecho "a nossa língua (...) não está em perigo de desaparecimento, MUITO MENOS de mistura", a expressão destacada expressa, e de forma enfática, uma relação de:
a) adição.
b) oposição.
c) concessão.
d) explicação.
e) conclusão.

2º EM Farias, 26/05/2008

(Pucsp) A ANIMALIZAÇÃO DO PAÍS
Clóvis Rossi, "Folha de São Paulo", 21 de fevereiro de 2006

SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo".
Prossegue o relato: "A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos".
Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e expostos por seus algozes.
"Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de sua reação.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais ocorrem em todas as partes do mundo.
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial, vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir do topo, quando o presidente da República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros confessos. Também deve achar "engraçado".
Alguma surpresa quando é declarado inocente o comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de parcela da sociedade para quem presos não têm direito à vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a lei da selva, no asfalto.

68835. No trecho "Os próprios moradores descreveram a ALGAZARRA à REPORTAGEM", pode-se dizer que os dois termos DESTACADOS são, respectivamente,
a) o sujeito e o predicado do verbo "descreveram".
b) o adjunto adnominal e o adjunto adverbial do verbo "descreveram".
c) o objeto direto e o objeto indireto do verbo "descreveram".
d) o aposto e o vocativo do verbo "descreveram".
e) o complemento nominal e o agente da passiva do verbo "descreveram".

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Questão 1º EM, 26/05/2008

(Fuvest) "O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se, ou restituir-se, por sua própria força, contanto que o faça logo." Ao trazer a discussão para o campo jurídico, o antigo magistrado tentou amenizar o que dissera; a rigor, no entanto, suscitou dúvidas cruéis; que quer dizer "por sua própria força?" Será a força física do posseiro, ou essa mais aquela que a ela se soma pelo emprego das armas? O parágrafo único do Código Civil admite dúvidas: "Os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção ou restituição da posse". Se o invasor vem armado, o posseiro pode usar armas? Se o invasor é plural, vem em bandos, o posseiro pode contar com a ajuda de amigos ou contratar seguranças (ou até jagunços) para defender o que é seu?
(O Estado de S. Paulo, 04/06/94, A 3)

653. "Ao trazer a discussão para o campo jurídico, o antigo magistrado tentou amenizar o que dissera; a rigor, no entanto, suscitou dúvidas cruéis: que quer dizer 'por sua própria força'? Será a força física do posseiro, ou essa mais aquela que a ela se soma pelo emprego de armas?"

Observando no texto as formas verbais; dissera, tentou, será, soma. É correto concluir que:
a) tentou denota evento contemporâneo de dissera.
b) dissera situa o evento em ponto do tempo anterior a tentou.
c) será indica evento imediatamente posterior a tentou.
d) soma situa o evento referido no mesmo ponto do tempo indicado em será.
e) dissera descreve o quadro em que ocorrem os eventos denotados pelas demais formas.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

11. TRÁFICO ou TRÁFEGO ?

Deu no JB: "Controlador de TRÁFICO aéreo adquire repentinamente poderes paranormais. "Perdoe-nos, o tal controlador paranormal é de TRÁFEGO aéreo. É bom lembrar que TRÁFICO é um comércio ilegal: de drogas, de escravos,de crianças, de mulheres, de influência...Em relação a trânsito, a movimento, devemos usar TRÁFEGO. Grandes"engarrafamentos" ocorrem em cidades, como São Paulo, onde o TRÁFEGO é intenso. Aqui vai um teste para os cariocas que conhecem bem a Rua São Clementeno bairro de Botafogo. Responda rápido: "São Clemente é uma rua de muitoTRÁFEGO ou de muito TRÁFICO?" Se você respondeu "depende", parabéns.

10. PENALIZADO ou PUNIDO ?

Deu no JB: "É longa a lista de atletas PENALIZADOS pelo Tribunal Esportivo da Federação de Futebol do Rio de Janeiro.
"Na verdade, "É longa a lista de atletas PUNIDOS..."PENALIZADO não é sinônimo de PUNIDO. Embora alguns professores defendamo verbo PENALIZAR no sentido de "punir", prefiro o sentido original:PENALIZADO fica quem tem "pena, dó, compaixão"; PENALIZAR é "causar pena ou desgosto". Observe o exemplo: "A deputada ficou PENALIZADA ao vertanta miséria." No caso de: "A lei do Colarinho Branco PENALIZA comreclusão", prefiro "...PUNE com reclusão".

segunda-feira, 19 de maio de 2008

9. FRONTEIRA, DIVISA ou LIMITE ?

A frase "Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na DIVISA com o Paraguai" está errada. O certo é: "Os carros eram levados para Foz de Iguaçu, na FRONTEIRA com o Paraguai. "Entre países, nós temos FRONTEIRAS; as DIVISAS ficam entre os estados. Por exemplo: "Estamos na DIVISA de São Paulo com o Paraná." Entre o Brasil e o Paraguai, existe uma FRONTEIRA. Costumamos ouvir: "Estamos falando diretamente da DIVISA do Rio de Janeiro com São João de Meriti." É impossível! Não há DIVISA entre a cidade do Rio de Janeiro e São João de Meriti. Entre municípios, há LIMITES. A cidade do Rio de Janeiro faz LIMITE com São João de Meriti e o estado do Rio de janeiro faz DIVISA com Minas Gerais.

8. ANAL ou RETAL ?

"Para se examinar a próstata, é necessário fazer o toque ANAL ou RETAL? ANAL é relativo ao ânus; RETAL é relativo ao reto (intestino). Alguns médicos afirmam que "toque anal" não está errado; a maioria, entretanto, diz que o termo correto é "toque RETAL", pois o "tal toque"é feito no reto.